Lesões musculares que atormentam Natan nas duas últimas temporadas
não são as únicas barreiras da carreira do meia tricolor de 22 anos.
Inúmeras dificuldades que são, pouco a pouco, superadas. Assim como quem sobe uma ladeira, o meia Natan,
do Santa Cruz, vai encaminhando sua vida. Para chegar até o elenco
profissional do Tricolor pernambucano, não foram poucas as barreiras que
o jogador teve que saltar. Dificuldades que surgiram ainda no início da
carreira, quando tinha que se virar até mesmo para poder comer.
- Eu jogava em uma equipe humilde lá na Bahia. Eram três refeições por
dia, mas ficava tudo trancado, porque havia muitos furtos. As únicas
coisas que ficavam fora da despensa eram farinha e açúcar. Depois dos
treinos, morto de fome, eu misturava farinha com açúcar e comia - revela
ele.
O atleta, nascido na pequena Pé de Serra, a 220 quilômetros de
Salvador, quase que não consegue se tornar jogador de futebol. Um
problema de sopro no coração se tornou mais um adversário que ele tinha
que driblar.
- Nessa mesma época, eu descobri que tinha um problema cardíaco. E eu
não jogava, só treinava. Era uma arritmia. O meu batimento cardíaco
aumentava muito e a minha pressão era alta. Mas eu não precisei passar
por nenhum tipo de cirurgia. Foi a fé que me curou.
No entanto, o médico do Santa Cruz, Wilton Bezerra, garante que o atleta chegou ao clube sem apresentar problema cardíaco.
As primeiras chances na equipe profissional vieram em 2010. Em um
clássico contra o Náutico, no dia 27 de janeiro daquele ano, nos
Aflitos, o futebol de Natan saltou aos olhos. Mesmo com a derrota
tricolor, por 2 a 1. Ali, começava a caminhada. Junto com ela, mais uma
barreira. E uma que a promessa tricolor ainda não conseguiu saltar: as
lesões.
Nos últimos dois anos, Natan jogou apenas 38 jogos. Colega desde os
tempos de base, o volante Memo mantém uma certa regularidade e já
atingiu o número de 77 partidas disputadas. As inúmeras lesões eram
dolorosas para o corpo e a mente do jogador.
- Teve uma vez que eu senti durante um treino. E eu já vinha me
recuperando de uma lesão. Quando eu senti o músculo abrir, chorei na
hora. Não pela dor, mas porque eu sabia que tudo ia acontecer novamente.
Já passou pela minha cabeça desistir, mas deixei tudo pra trás. Hoje
estou com a cabeça tranquila.
É o ano de 2013 que Natan tem como alvo. É o ano que ele quer, enfim,
ocupar o posto tão esperado pela torcida tricolor. O ainda menino - tem
22 anos - garante estar pronto pra se tornar o maestro da equipe.
- Estou com a cabeça tranquila. Estou em paz. Sei que não adianta ficar
oscilando. Jogo três partidas bem, mas fico sete sem jogar. Agora quero
manter minha estabilidade. Este ano, ficou faltando eu jogar o
Brasileiro. Estou treinando forte, deixei as férias de lado. Só não
treino no domingo, mas até em casa eu treino. Sei que tenho o apoio de
todos. E quero retribuir - finalizou Natan.
FONTE: Globo Esporte